Curitiba, do tupi curi=pinheiro, tiba=muito; muito pinheiro. Essa cidade foi, na década de 1990, maquiada e forjada para que o Brasil inteiro acreditasse ser aqui o paraíso. A cidade sorriso virou Capital ecológica, Capital de primeiro mundo, Capital do Natal e Capital do Mercosul. Esse último apelido não vingou, mas os demais permaneceram na memória dos curitibanos e de outros brasileiros. Marketing puro criado por um tal político e seus demais seguidores que se revezaram na cadeira de prefeito. As tais obras arquitetônicas em arame, arcos e tubos...
A cidade é limpinha, dizem alguns. Curitiba é organizada, comentam outros. A verdade é que a capital do Paraná tem lá seus problemas como muita cidade grande. A diferença é que aqui alguns fingem não enxergar. Existem aqueles que amam a cidade, mas sabem que ela não é perfeita. Por exemplo, o escritor Dalton Trevisan ("uma espiga de milho debulhada é Curitiba: sabugo estéril"). Paradoxalmente ele é endeusado pelos cegos defensores da cidade.
Curitibanos são os nascidos em Curitiba. Curitiboca é o ser que critica Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia sem nunca ter posto os pés nesses estados. Implica com o sotaque carioca, faz piadas de catarinense e torce para algum time de São Paulo. Eu falei sobre a contradição. Não responde aos cumprimentos por ter o nariz empinado, mesmo não tendo onde cair morto. A tarifa do ônibus subiu? O curitiboca não fala nada, mesmo que isso afete e muito em seu orçamento. Ele vive de aparência, assim como a cidade. Ninguém pode saber que ele vive no aperto. Os shoppings vão cobrar estacionamento? Bico calado, nem diga nada, paga-se, afinal, grana é o que não falta. E a alta sociedade curitiboca? Bem, melhor falar sobre ela em outra ocasião. Chegam até ser deprimentes as penas soltas por aqui.
Curitibocas são da clara porque ela não tem gosto e gema é para os cariocas. Clara é sem graça, sem cor e apática.
Publicado anteriormente no
Blogocular em 13 de fevereiro de 2008.